Dentre as ótimas digressões da professora Zuleide, de Poesia na Literatura Nacional, a que eu mais gostava era sobre o status do professor. Você chega em um consultório médico, já marcou consulta dias antes, espera uns 40 minutos (ou mais), o cara fica contigo uns 15 minutos, no máximo, passa uns exames, você sai e deixa mais de 100 reais com a recepcionista. O técnico de computadores passa 20 minutos analisando seu computador e pede 50 reais pelo serviço. E o professor? Bem, o professor... A situação é crítica. E é pior ainda se for de Português ou Inglês. Se for de português, pedem pra corrigir ou revisar um texto aí na amizade. E inglês, traduzir. Êpa, não é assim não! Não é nem tanto pelo dinheiro. Mais pela falta de noção de que é um trabalho difícil, que tem de ser bem feito e valorizado.
Pois bem. A mulher no curso de francês disse que a filha iria pra Irlanda em setembro e precisaria de umas aulas de conversação de inglês. Me dispus ao desafio, pois, afinal, iria praticar meu inglês e de quebra ganhar algum dinheiro. E a situação exigia que eu cobrasse mais pelos meus serviços, já que eu iria preparar diálogos, exercícios, tirar dúvidas etc... e em nível um pouco mais alto do que eu sou acostumado. Ao dizer meu valor (que é ate abaixo da média do mercado) acho que a viajante pensou que eu tava me achando e ficou meio assim com o preço. Disse que ia retornar a ligação. Acho que não vai. Mas eu estou falando de antemão: valorizo meu trabalho, não faria por menos. E vou mais longe: aulas particulares de inglês são pra quem pode. Não pra quem quer.